29 de agosto de 2010

Todas as viagens têm fim...

Foi uma longa viagem.
Uma viagem que vou recordar para sempre.
Que me ensinou muita coisa sobre mim própria.
Que me ofereceu momentos incríveis, ao lado de uma pessoa igualmente incrível!

Mesmo quando não queremos que ela acabe, damos por nós e ela já passou. Já chegou ao fim. Já teve o seu tempo e está na hora de partir para outra viagem. Não necessariamente uma viagem acompanhada de outra pessoa. Simplesmente uma viagem diferente. Agora sozinha. Agora por conta própria.

Se fui feliz? Fui. Fui muito feliz. Atingi momentos de felicidade que não pensei atingir! Mas, por vezes, gostar só não chega. Todos sabemos - mais cedo ou mais tarde - que são necessárias outras coisas para manter uma viagem destas sobre rodas. Para fazê-la seguir caminho. Continuar o seu curso.
É preciso motivação, que a outra parte nos complete e nos leve onde nós sozinhos não conseguimos chegar.
Sermos os únicos a ter vontades, sonhos, esperanças, projectos, objectivos não é saudavel. Não nos faz ter vontade de continuar.
Ao nosso lado queremos uma pessoa que nos leve onde nunca fomos. Que nos faça sonhar o que nunca sonhámos. Que nos faça querer o que nunca quisemos. Que nos faça ter esperança por coisas que nunca pensámos que pudessem vir. E tudo isto é ingrato.
É ingrato não escolhermos o que o nosso pequeno coraçãozinho decide gostar/querer. É ingrato não termos o poder de decidir este tipo de coisas. É ingrato para mim e para ele. Porque eu sei que sempre fez tudo ao seu alcance para que "a chama continuasse acesa". É ingrato de um momento para o outro percebermos que se calhar já não faz sentido. Pelo menos por agora. Neste momento.
Talvez seja bom darmos espaço para que a outra pessoa cresça. Para que se conheça melhor a si própria. Para que sozinha descubra aquilo que é e quer ser daqui em diante.
Mas nunca, por nenhum momento, temos o direito de fazer os outros à nossa imagem. Nunca, por nenhum segundo, quiz muda-lo, torna-lo melhor - porque nem eu sei o que é ser "melhor" -, torna-lo diferente daquilo que é. Nunca quiz, nem hei-de querer, muda-lo de acordo com aquilo que eu mais "gosto" ou "quero". Temos que ser fieis a nós próprios. Se os outros não gostam, é problema deles. Isso é certo! Quero apenas, isso sim, que descubra a pessoa que está dentro de si, porque sei que nem ele nem ninguem a conheceu. Sei que  dentro há muito para se amar, há muito para se conhecer. Tipo um livro perdido com muitos segredos, mistérios e coisas boas para muita gente abrir, ler, conhecer e adorar!

Ou então nada disto é necessário. Se calhar sou apenas eu que não vejo aquilo que ele é. Talvez só agora tenha percebido que quero outra coisa. Nós próprios ao longo de uma relação vamo-nos conhecendo melhor e percebendo (também com a idade) aquilo que queremos para nós. Para a nossa vida. Aquele tipo de pessoa que queremos que esteja a nosso lado.

Eu sei que não tenho que me justificar. Não tenho que explicar o porquê de os sentimentos terem mudado, até porque nem eu própria sei responder a isso... Mas custa.
Custa demais acabar com uma relação de tanto tempo. Custa e dói demais magoarmos a outra pessoa, mesmo não querendo, porque magoar nestas situações é inevitável! Custa acabar com uma relação onde tanto foi partilhado. Mas quero pensar também que foi essencial ao meu crescimento e conhecimento de mim própria. De nenhum momento me arrependo. Não há nada que pense "se fosse hoje, não o fazia". Todos os momentos partilhados entre os dois foram bons e, como dizia eu no início, vou recordá-los para sempre!
Pelo menos, no fim de tudo, guardo um grande amigo no coração. Um grande amigo que sei que vai estar sempre no sítio certo para me ouvir, me apoiar, me aconselhar (o melhor que puder). Um grande amigo que me conhece muito bem. Demasiado bem. E o mesmo serve para ele.

Continuar seria, não só, engana-lo a ele, mas principalmente engarnar-me a mim própria...! Tarde percebi isso. Demorei a entender que para fazer a outra pessoa feliz, primeiro que tudo, nós também temos que ser felizes do lado dela. Não adianta prolongar uma coisa na esperança que o sentimento vai mudar, porque na verdade ele pode nunca vir a mudar. Na verdade, há sempre tendência a piorar. Ou prolonga-la porque não o queremos fazer sofrer, porque não é do nosso feitío magoa-lo e vamos arrastando o inevitavel...
Finalmente tive força e coragem para pôr os meus sentimentos em primeiro plano: ouvi-me a mim própria (coisa que há muito não fazia) e tomei uma decisão que espero ter sido a mais acertada.
Só posso agradecer por tudo o que passámos juntos, guardar os melhores momentos no coração, tomar os piores como lições e pedir-te desculpa se a minha sinceridade magoa.



No meu regresso, quem sabe tudo se recomponha...

Sem comentários: