6 de fevereiro de 2010

a experiência da vida


Cá estou eu de volta (finalmente, pensam vocês)!
Depois de ter vindo de Viena, de ter passado pela ilha da Madeira, de o meu voo para Lisboa ter sido cancelado e só ter podido viajar no dia a seguir, finalmente aqui me encontram, com tempo para vos contar tudinho.
Eu sei que me tinha comprometido em ir actualizado isto enquanto estava fora, mas dado à quantidade de coisas para fazer e conhecer, digamos que tinha mais com que me entreter... Não me levem a mal, mas a verdade foi mesmo essa e, desde já, peço desculpa. Escrevo-vos só agora, pois só regressei ao meu lar, doce lar, ontem à noite.
Ora, apesar de não vos ter contado tudo dia a dia, agora que cheguei passo então a relatar esta viagem pela qual eu ansiei por tantas semanas.
Assim que saímos do aeroporto, deparámo-nos logo com a diferença entre um país desenvolvido e o nosso Portugalinho; não andámos uma única vez de táxi ou pela rua, tínhamos logo acesso a uma estação de comboio e depois de metro, que nos punha no centro de Viena em 40minutos. Vejamos, Portugal tem um dos aeroportos mais privilegiados do mundo (embora não estejam contentes e o queiram mudar de poiso) por se encontrar praticamente no centro da capital e nem assim tem transportes públicos de jeito, oferecendo apenas autocarros e táxis que fazem o dobro do caminho para receberem mais uns trocados... Enfim.
Ah! E devo dizer que a Vodafone é uma merdinha de rede porque me bloqueou o roaming só por me ter atrasado no carregamento da mensalidade. Podia eu ter sido raptada para fora do país e não podia contactar ninguém! Onde é que isto já se viu?
Mas bom, continuando… No dia em que chegámos fomos convidadas para um jantar de anos de uma portuguesa da residência de Erasmus em que ficámos e fomos a um restaurante que era uma antiga fábrica de cerveja. Veja-se que o prato típico é um panado de frango ou porco a acompanhar com batatas e salada. A isto dão o nome de Schnitzel, que para nós não passou de um prato normal de uma gastronomia nem de longe equiparável à nossa. Mas era bom! Como já se fazia tarde e baixíssimas temperaturas negativas, fomos andando para casa.

Ora depois veio o domingo. Domingo em Viena (e lá sim!) é sinónimo de descanso. Nada funciona, nada está aberto, ninguém na rua, só o frio e a neve. Mas não nos incomodámos e sozinhas pusemo-nos à descoberta da baixa da cidade, mais concretamente da rua Maria Hilfer Strasse. Digo sozinhas porque, apesar de 6 meses de estadia, a M ainda não se tinha habituado ao frio e ficou com uma amigdalite que lhe durou a semana toda.
Após o primeiro dia de passeio, começámo-nos a aperceber do tipo de pessoas que os austríacos são: antipáticos, secos, às vezes brutos, mal-educados, sisudos, bonitos, altos e loiros, apressados, todos sabem falar inglês e não conhecem as palavras “obrigado”, “se faz favor” e “com licença”. No entanto, não levámos a mal, pois sabemos que os povos latinos são calorosos, ao contrário de todos os outros. E embora sejam assim mal encarados (em bom português), são um povo super civilizado, organizado, metódico, rigoroso, cumpridor de todas as regras e mais algumas – Note-se que, num dado dia, um sujeito decidiu suicidar-se na linha do metro. Então, na estação onde estávamos à espera de entrar, passavam carruagens umas atrás das outras e num letreiro dizia (em alemão, claro está) que não se podia entrar. Bom, não foi isto que nos espantou, mas sim o facto de eles esperarem calma e serenamente até poderem entrar. Se fosse em Portugal, estava logo tudo a barafustar e a pendurar-se nas carruagens a dizer que tinham que ir para casa para ver o Benfica jogar! – limpo, respeitador e uma coisa muito boa que às vezes faz falta aqui em Portugal: silencioso. Aquela gente não é como a de cá que se põe a falar aos altos berros no meio da rua e nos transportes a incomodar toda a gente Lol
Uma coisa muito jeitosa: podia estar um frio de fazer estalar os ossos, mas dentro de qualquer edifício ou transporte estava sempre super quente, nunca abaixo dos 25ºC.
Outra coisa mais jeitosa ainda era o facto de podermos falar tudo o que nos apetecesse que ninguém percebia nada :D chegámos a mandar empregadas do supermercado pó caralho, com ar de quem diz “obrigado, até amanhã” porque ela eram umas rudes! Nem o talão davam na mão e atiravam as compras para cima da pessoa que estava à nossa frente e ainda levávamos com as da pessoa que estava atrás de nós. Ora bolas, não há direito!

Segunda-feira foi um dia pouco produtivo, pois tivemos que ir com a M ao médico, porque a coisa estava a agravar-se. Ah! E logo de manhã para acordar tivemos a visita da senhora que limpa os quartos da residência que nos deu uma sarabanda por estarmos alojados na residência. Por momentos vimos a nossa vida a andar para trás, mas lá demos a volta e não tivemos que dormir na rua! xD

Terça-feira foi um dia de visitas mais alargadas. É de notar que o tempo útil de estar na rua a visitar coisas era muito curto. Não era muito agradável estar na rua antes das 9h30 e depois das 15h30. Portanto conseguem imaginar a nossa correria para vermos tudo a tempo e horas xD
Procurem na net os sítios pelos quais passei: Palácio de Verão da princesa Sissi Schönbru, Museumsplatz e tudo por ali fora, indo ter à Stephansplatz que é mesmo a baixa da cidade, uma zona lindíssima, só visto! Depois como já estava fresquinho, fomos andando para casa.

Quarta-feira, digamos que foi o dia mais preenchido: Volkstheater, Parlamento, Rathaus (não, não é uma catedral… é uma simples Câmara Municipal de Viena), Hofburg Theater, Universidade de Viena, Votivkirche, Stephansdom e a sua Stephansplatz, Museums Quartier e, por fim, o Palácio de Inverno da princesa Sissi Hofburg. Como demorámos cerca de 2h30 para ver o palácio por dentro, saímos já de noite e aventurámo-nos pela baixa da cidade para vermos a Stephansplatz iluminada.
O engraçado disto tudo é que, à excepção da Stephansdom e seguintes, tudo estava localizado numa só avenida enorme de Viena (Karl Renner Dr. K. Lueger).
Em países desenvolvidos aposta-se na cultura: por 20€ tivemos direito a entrar em dois palácios (os que mencionei) e num museu. É ou não é uma coisa como deve de ser?

Quinta-feira foi o dia mais frio que algum dia enfrentei! Chegámos a apanhar, em plena luz do dia, perto dos -10ºC. Até a máquina fotográfica da R se estragou =/ as baterias duravam só 30/40minutos porque congelavam. Eu sei que contado não acreditam, mas é verdade! Por estar tanto frio não conseguíamos tirar fotos nenhumas. Foi terrível… e o pior é que todos os dias foram assim!
Mas enfim, passando ao que interessa… Opera, Albertina, Burggarten um jardim onde, entre outra coisas, podíamos ver uma estátua de Mozart e, por fim, Karlskirche.

Na Sexta-feira já pudemos desfrutar da companhia da M que já se tinha recuperado.
Ora: Naschmarkt, rio Danúbio, Prater (género de feira popular), WU (faculdade onde a M fez o seu Erasmus; tinha que se andar de eléctrico lá dentro...!) e à noite fomos assistir a uma ópera de Mozart Don Giovanni.

Sábado: Universidade de Viena novamente, para vermos tudo por dentro; memorial à guerra Soviética, Palácio Belvedere, Hundertwasser (este arquitecto fez bastantes edificios por todo o mundo, nós visitámos o legado que deixou em Viena), Stadtpark onde podíamos ver uma estatua em ouro de Strauss e para terminar o dia jantámos no Centimeter em que se pedia comida ao metro! Comi uma salsicha de 2m ahahah :D

Domingo foi o dia de visitarmos Bratislava, capital da Eslováquia. Por 14€ (ir e vir) de comboio, viagens de 1h30 e pusemo-nos noutro país. Note-se que pago o mesmo SÓ para ir de Lisboa a Castelo Branco... Disse tudo, não disse?...
Vimos um outro mundo completamente diferente; um país saído do comunismo, onde se notava em cada esquina a repressão e a tristeza da cidade. No entanto, surpreendeu-me por ser tão bonita na sua simplicidade, mostrando algumas surpresas em ruas mais suptuosas com edifícios mais vistosos. É tão interessante viajarmos e abrirmos os olhos a certas coisas… vermos como dois países que fazem fronteira conseguem ser tão, mas tão diferentes a todos os níveis. É também uma cidade que aconselho a visitarem, quanto mais não seja para vivenciarem um regime que está num passado tão recente que nos faz crer que não caiu.

Na segunda feira já pouco ou nada nos faltava conhecer: fomos ao Naschmarkt fazer umas comprinhas; Bairro Judeu – este bairro fica no distrito (para nós é tipo freguesia) mais rico de Viena, tem câmaras de vigilância e não se pode tirar fotos; Gasometer; e depois fomos preparar um jantar de despedida a Viena e fomos sair :D
Na terça foi o dia de arrumar a trocha e às 6h da manhã de 4f saímos da residência para voltarmos a Portugal.

Foi sem dúvida uma experiência inesquecivel! Recomendo, vivamente, a todos! Fiqei com o bixinho de fazer Erasmus... Talvez um dia...!
Mais pormenores, só em pessoa xD

1 comentário:

Joana disse...

Ora seja muito bem vinda!

E eu quero mais pormenores :D